ENSAIO PESSOAL | Camilo Silva | Florianópolis

“Não nasci em uma família de artistas, mas desde pequeno gosto de arte. Meu irmão, Pedro, é artista plástico, e toda a família trabalha em áreas diferentes. Comecei várias faculdades e não terminei nenhuma: publicidade, design, relações públicas e psicologia. Percebi que a criatividade era uma válvula de escape para mim, e qualquer coisa que fugia disso, não gostava de fazer. Não desenhava nem pintava, meu negócio era criar objetos com os garimpos que fazia. Não me via como um artista, e me apoderar disso era um obstáculo.

Em 2018, tive acesso às peças descartadas da empresa de ônibus do meu pai. Na época, eu trabalhava com shakes da Herbalife. Fui escolhendo as peças uma a uma e botei a mão na massa. Foi quando tive a ideia de fazer uma exposição. Eram esculturas soldadas pintadas com verniz automotivo; cores usadas para pintar os ônibus. A exposição se chamava Mecanisbus, que mostrava novas perspectivas do uso da matéria para refletir sobre o fato de que tudo pode ter muitos lados, várias versões e infinitas possibilidades.

A partir daí, entendi que agora eu tô aqui no palco, aceito e descoberto como artista, e esse era o meu trabalho. No ano seguinte, em 2019, procurei um galpão onde meus primos e eu pudéssemos criar e expor nossos trabalhos de arte. Quando achamos a casa na rua Victor Meirelles, no baixo centro, não teve dúvida, alugamos na hora. Acabou virando um bar, que até hoje o é @atelie389 , e foi bem no momento em que o centro começou a ficar mais badalado. No começo, fazia instalações no balcão, colocava objetos em cima das mesas, não era nada funcional. Era um espaço artístico real, o nome ateliê não era nutella.

Hoje, trabalho mais com pintura. Comecei a pintar na pandemia com tinta nanquim e fiz uma série de gravuras. Até que rolou uma encomenda e aquilo me nutriu enquanto artista. A venda de um quadro meu era o reconhecimento que eu precisava para me nutrir. Meu processo criativo? O que você faz com um filho seu, apaga, mata ele, ou você trabalha nele, rs? Hoje não sou mais sócio do bar, mas meu ateliê continua sendo aqui.”

“… Não tenho um sonho de expor em um lugar específico. Meu sonho é minha satisfação pessoal, o meu combustível, o reconhecimento daquilo que eu estou vivendo. Quero criar raízes no chão de um avião.” // Camilo Silva @camilosilvaart

 

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Renata Larroyd

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